Será que há um padrão no qual as mulheres de esquerda que estão na política e cujos primeiros nomes começam por “M” estão condenadas a serem mentirosas? Faço esta pergunta porque na recente campanha para as legislativas, a Mariana Mortágua foi apanhada a mentir no caso da casa da avó e agora foi a vez de Marta Temido.
Este último caso é simples. Em entrevista à RTP (aos 10 minutos e 30 segundos do Telejornal), Marta Temido foi confrontada pelo José Rodrigues dos Santos quanto ao facto de a Polónia, a Estónia e a Lituânia, países que há poucos anos eram mais pobres que nós, todos nos terem ultrapassado no PIB per capita, não obstante a enormidade de subsídios que recebemos da UE. Quando confrontada com a realidade, Marta Temido disse “não fomos” ultrapassados por esses países. Não posso, efectivamente acusar a senhora de forma geral de ser pouco verdadeira, mas neste tema, foi totalmente, absolutamente, e vergonhosamente mentirosa. Fomos ultrapassados, sim! E aqui está a prova:
https://ourworldindata.org/grapher/gini-coefficient-vs-gdp-per-capita-pip?country=PRTESTLTU~POL
Em 2022, Portugal tinha atingido um PIB per capita de 33.636$ e o mais pobre desses três países que nos ultrapassaram, a Polónia atingiu um PIB per capita de 34.944$, tendo o mais rico, a Lituânia atingido um PIB per capita de 39.432$. O lituano médio enriqueceu em 2022 mais 5.796$ que o português médio. Ainda mais chocante é a comparação com a Estónia, que tendo gerado uma riqueza de 38.718$ por habitante, conseguiu na mesma ter um nível de desigualdade inferior ao de Portugal. Ou seja, Portugal não só não foi capaz de crescer, como nem sequer foi capaz de redistribuir melhor que a Estónia.
Quando a Marta Temido responde “não fomos”, a Marta Temido revela toda a desonestidade na qual ela assenta o seu edifício intelectual. Revela ainda outro aspecto pior. Mesmo no fim da entrevista, despede-se de forma mal educada, de uma rudeza surpreendente. Demonstra algo que eu já tinha assistido noutros “intelectuais” de esquerda como o Daniel Oliveira. Quando confrontados com a realidade e com factos que vão contra a sua idílica retórica, em vez de reverem as suas ideias, ficam zangados. Imagino de que seja um mecanismo de defesa mental para lidarem com o incómodo de não fazerem sentido.
Se o que o PS enquanto partido de esquerda moderada tem este histórico miserável para apresentar, Marta Temido representa um PS ainda muito pior. É um PS de Pedro Nuno Santos, de esquerda radical, e que se afastou ideologicamente de Mário Soares e se juntou aos restantes partidos de esquerda radical como o PCP, o BE e o Livre (Rui Tavares tenta disfarçar, mas Paupério bem mostrou ao que eles vêem). É nisto em que os portugueses insistem em votar? Será que não aprendemos nem com toda a evidência do mundo? Ou será que teremos mais uma demonstração de decisões colectivas baseadas na irracionalidade?